Olá Pessoal,
E vamos seguir com a segunda parte da história que começamos nesse post aqui: (https://viajantesemmala.wordpress.com/2015/01/24/a-experiencia-de-ter-um-filho-em-nova-york-parte-1)
Voltei para NY super feliz sabendo que Lukinha estava para vir. Comecei o pré-natal no mesmo hospital que eu tinha passado pela última vez. Apesar da médica ser um amor, o tratamento para com os pacientes da parte dos outros profissionais não era 😦 Cheguei a passar quase 4 horas dentro do hospital entre atendimento e espera pela consulta. Um horror! Era um lugar quente e lotado, mas como eu podia ir a pé e nessa época eu estava enjoando muuuuito, optei pelo que era mais “fácil”.
Nesse hospital, a médica me disse que provavelmente o aborto que eu sofri havia sido por erro médico e que eu corri risco de vida. Até pensamos em processar os dois hospitais envolvidos no erro, mas acabamos desistindo. Decidimos focar todas as nossas energias nessa gravidez e encerramos esse assunto.
Nos mudamos de volta para Astoria (Queens) e mesmo assim, cheguei ainda a ir a 2 consultas no Brooklyn (eu levava quase 2h para chegar no hospital). Na última sessão, me enchi do tratamento que estava tendo e decidi trocar para um hospital em Manhattan no qual eu já havia lido e tido recomendações de que era bom (economizaria 1h no trajeto).
Percebemos a diferença de tratamento logo na recepção: atendentes sorridentes e preocupadas com os pacientes: ofereciam laranja e banana para comermos enquanto esperávamos para ver o médico e, vinham perguntar a quanto tempo estávamos esperando. Por duas vezes, eu já estava esperando a 20 minutos e elas me deram um gift card de U$5.00 para usar numa famosa cafeteria. Isso tudo pela inconveniência de ter de esperar 😉
Primeiro ultrasom do Lukinha já aqui em NY: parecia um ursinho ❤

Neste novo hospital (New York Presbyterian Hospital – um hospital universitário considerado o melhor de NY no quesito obstetrícia), me senti muito mais acolhida e senti que Lukinha estava sendo mais bem tratado. Aqui, somos obrigadas a fazer um teste de HIV no início, meio e fim da gestação. Passei também por nutricionistas e por uma geneticista (já que eu teria meu filho com mais de 35 anos de idade).
Apesar do enjôo diário por quase 8 meses, Lukinha estava crescendo saudável e era bem ativo. No dia em que eu descobri que estava esperando o menininho que eu queria eu quase pirei de felicidade 🙂 ❤
Durante a gravidez, além de ter o plano de saúde pago pelo governo (porque nos encaixamos aqui como população de baixa renda), também me inscrevi em um programa do governo chamado WIC (Women, Infants, Children – http://www.health.ny.gov/prevention/nutrition/wic), no qual eu recebia mensalmente cheques do governo que poderiam ser usados no supermercado para comprar produtos como leite, queijo, cereal, suco, ovos, legumes/verduras/frutas e mais algumas coisas.
Durante toda a gravidez, minha pressão manteve-se estável e, por causa dos enjôos, eu só engordei 8 kilos a gravidez toda. Tive síndrome do túnel do carpo e isso fez com que eu sofresse com dores no pulso. Também tive dores de dente (que me fizeram rolar no chão) e passava mal toda vez que ía escovar os dentes.
O maior apuro que eu passei nestes meses foi quando eu fui fazer o ultrasom do Lukinha lá no Presbyterian Hospital. Como sempre, chegamos antes do horário, me apresentei na recepção e estava na sala de espera esperando pelo médico. De repente, alguém chama CRISTIANE. Eu me levanto e vou junto com a enfermeira, que reclama que eu estava atrasada 40 minutos. Achei estranho, mostrei o cartão dizendo que a minha consulta era para tal hora e não para o horário em que ela estava falando e, bom…ela disse que o importante era que a médica ainda estava lá e que eu iria ser atendida. O Uka sentou na cadeira do lado da minha maca e eu comecei a esperar ansiosamente para poder ver o Lukinha 🙂 Tinha comido chocolate e tomado suco para ver se ele se agitava um pouco e colaborava com as imagens 🙂
De repente, eu olho para a mão da enfermeira e vejo ela com uma agulha ENORME. Gente, como assim? Eu vim fazer ultrasom e não tomar injeção. Quando já estava quase tudo pronto, o Uka (que é super desligado, mas que foi ligeiro dessa vez) perguntou a enfermeira: “olha, o primeiro nome da minha esposa está escrito certo, mas os dois últimos não” (isso foi ele olhando pelo monitor).
Se não fosse por ele, ao invés de fazer um ultrasom, eles íam fazer em mim aquele exame de amniocentese (http://brasil.babycenter.com/a1500585/amniocentese). Nada contra o exame, mas íam enfiar uma agulha na minha barriga para colher um líquido sem a MÍNIMA necessidade.
O que aconteceu foi o seguinte: aqui sempre chamam pelo primeiro e último nome. Depois perguntam sua data de nascimento para ter certeza que você é você. Nesse caso específico, como a paciente estava atrasada e esse nome é RARO por aqui, acho que foi isso o que aconteceu e criou toda a confusão. Me digam: qual a probabilidade de ter outra Cristiane esperando na sala de espera e na mesma hora? Doido, né?

Infelizmente, quando eu já estava no oitavo mês de gestação, recebi a triste notícia de que o meu avô materno havia falecido. Como eu já havia ido ao hospital de emergência quando eu soube que ele foi internado às pressas, demoraram quase 3 dias para me contar a verdade. Descobri por acaso e fiquei furiosa por esconderem algo tão importante 😦 Sei que a perda de alguém tão próximo (ele era como um pai para mim) teve um papel importante na gravidez e no nascimento do Lukinha.
Minha mãe e irmã chegaram para o nascimento do Lukinha no dia 21 de junho. O Lukinha estava previsto para nascer no dia 8 de julho – dia do aniversário do meu pai. No dia 24 de junho foi a minha última consulta do pré-natal e tudo estava bem. Contudo, no domingo – dia 26 de junho, depois de passar o dia na rua, comecei a sentir fortes dores e decidi que era necessário uma visita ao hospital para ver se estava tudo bem. Cheguei em casa, tomei banho, jantei uma sopinha, arrumei o cabelo, peguei minha malinha e me dirigi ao hospital.
Chegando lá, o médico me disse que a minha pressão estava MUITO alta e que eu apresentava um quadro chamado pré-eclâmpsia. Ele me perguntou se eu achava que tinha alguma coisa contribuindo para o quadro, já que ele via no meu prontuário que minha pressão estava excelente a gravidez toda. Eu disse que a minha mãe estava me visitando e estava me deixando muito estressada. Ele me disse que eu deveria mandá-la embora (juro, ele disse exatamente assim) pois isso estava influenciando a minha saúde. Eu disse que não podia, pois ela tinha vindo do Brasil para o nascimento do meu filho. O médico olhou para mim e disse: “não confio mandar você para casa. Seu filho já está com tamanho de bebê de 40 semanas. Vou induzir o seu parto”. Pronto! Simples assim!
Por fim, as coisas não foram tão simples como ele prometeu 😦