Onze de setembro de 2001. Uma terça-feira e dia de supervisão de clínica. Consigo me lembrar exatamente aonde eu estava quando ouvi pela primeira vez a notícia de que um avião havia batido em um prédio comercial em NY. Por um momento, parei para pensar onde meu pai estava. Sabe aquele gelo na espinha por pensar que você perdeu um ente querido? Pois é, isso aconteceu comigo. “Ah, ele está em férias!”, logo veio a resposta em minha mente e continuei meu trajeto até o hospital São Paulo, precisamente para o Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Cheguei lá e minha orientadora estava em pânico: haviam ligado a TV e estavam todos a postos em frente a ela e especulando o que havia acontecido. Foi nesse momento em que assistimos um outro avião chocando-se com a segunda torre. Foi uma gritaria e, logo em seguida, um silêncio tomou conta do ambiente. Como assim um segundo avião atingiu a torre vizinha?! Isso não pode ser apenas um acidente. Após vermos toda essa fatalidade, ninguém conseguiu conversar sobre paciente nenhum: passamos a próxima hora especulando sobre o que estaria acontecendo e quais as suas consequências para a vida de todos.
Nessa época, eu já havia começado os meus estudos em PTSD (Posttraumatic Stress Disorder), no Brasil conhecido como TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) e a maioria dos estudos publicados tratavam de veteranos de guerra e de abuso sexual. No Brasil, o TEPT ainda era diagnóstico desconhecido de muitos profissionais de saúde. Fui para uma aula em outro departamento e, chegando lá, também me deparei com a tv ligada e as pessoas com os olhos vidrados nela. Ouvi a seguinte gracinha: “A Cris estava procurando por alguns sujeitos para a pesquisa dela e foi ela que mandou os dois aviões para lá”. Piada de mal gosto, mas todos riram.
Nessa época, eu nem imaginava que um dia viajaria para NY e, muito menos, que eu moraria aqui.
Tenho certeza que, qualquer pessoa é capaz de dizer o que estava fazendo ou como se sentiu nesse dia. Esse é o tipo de tragédia que fica guardado e não tem como apagar.
Eu não perdi ninguém em decorrência desse evento, mas vivendo em NY, não é difícil conhecer alguém que perdeu alguém (familiar, amigo, vizinho, conhecido) ou que conhece alguém que sobreviveu ao que aconteceu naquela terça. Essa é uma ferida que nunca será cicatrizada no coração dos americanos. NUNCA faça nenhuma brincadeira com isso, pois estará mexendo em um vespeiro. Muita gente veio a falecer de doenças decorrentes do 11 de setembro, principalmente de câncer de pulmão, em decorrência da poeira aspirada naquele dia.
Ao passar em frente a qualquer batalhão dos bombeiros, é possível ver um quadro com fotos dos bombeiros que morreram salvando vidas. Cada prédio desses possui a sua forma própria de homenagear.
Todo ano, no local onde as duas torres existiam, ocorre uma cerimônia para os familiares das vítimas e é feita a leitura do nome de todas as pessoas falecidas (não só nas torres, como também dos aviões da Pensilvânia e no Pentagono). Essa cerimônia é transmitida pela tv e eu sempre fico com olhos cheios de água nesse momento. Apesar dos 13 anos passados, para mim parece que foi ontem. Hoje não foi diferente 😦 😦 😦
Tenho que confessar que eu não gosto de passar por aquela região. Muitos corpos nunca foram encontrados e eu acho a atmosfera do lugar muito pesada. Já visitei o memorial, mas ainda não visitei o museu.
Há muitas teorias de conspiração para explicar o que aconteceu naquele dia e acho que nunca ao certo vão descobrir (ou poderia dizer, REVELAR).
E você, como foi a sua experiência nesse dia? Conta aqui para a gente!
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