O meu 11 de Setembro de 2001

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Esse post foi gentilmente escrito por um amigo americano que aceitou o meu pedido para escrever para o blog e contar sobre aquele fatídico dia, que hoje está fazendo 15 anos. Ele me escreveu em inglês e, segue aqui o texto em português:

“Esse é um dia que está marcado não apenas no meu coração, mas na vida de muita gente. Praticamente TODOS os meus amigos perderam alguém ou conheciam alguém que morreu naquele dia. Para mim, em especial, este é um dia de muito sofrimento e, conto agora o porque: tinha combinado com uma amiga de tomar um café lá em Downtown. Por uma daquelas coisas do destino, eu me atrasei – e sou SUPER RIGOROSO com horário. Ela me disse que faria uma atividade antes do nosso encontro para ganhar tempo. E assim ficou combinado. Quando cheguei em Downtown, escutei um estrondo e todos apontavam para cima: o primeiro avião tinha atingido uma das torres. Na hora, fiquei tomado por um pânico e minha mente simplesmente “deu um branco”. Fiquei olhando para o alto por um bom tempo e, mesmo olhando aquelas pessoas ao meu redor, todas apavoradas, eu não conseguia me mexer e nem tomar nenhuma atitude. Quando o segundo avião atingiu a outra torre, achei que estava em um sonho, ou melhor, em um pesadelo e que a qualquer momento eu iria acordar. Lembro-me de minhas pernas ficarem bambas e minha respiração ofegante. Pensei: “não é possível isso! O que está acontecendo?!”. Ouvi algumas pessoas gritando: “terroristas”, mas eu simplesmente não conseguia assimilar aquela informação. Comecei a ter dificuldades para respirar (porque sou asmático e muito estresse me deixa sempre assim); por isso, comecei a me afastar daquela região. Quando as torres vieram ao chão, eu estava já perto de Midtown e escutei as pessoas falando sobre o caos que estava em Downtown, com a poeira e as pessoas embaixo dos escombros. Vi uma pessoa falando ao telefone e me lembrei de minha amiga. “Ela deve estar furiosa comigo”, eu pensei. Tentei ligar mas não completava. Meu celular estava com a bateria quase descarregada e, decidi ir para casa. Moro em Manhattan (perto do Central Park) e com muito esforço consegui chegar. A essas alturas, estava com dor de cabeça de tanto assistir aquelas cenas pela TV e decidi tomar uma aspirina e dormir um pouco. Quando eu acordei, já com o celular carregado, tentei o contato com a minha amiga, mas novamente sem sucesso. Como ela era minha amiga de muito tempo, liguei para os amigos dela. Lembro-me claramente de ouvir o que tinham a dizer e ficar completamente sem fala. Como? Ela estava em uma das torres? Impossível, ela combinou que me encontraria para um café! Por um momento, eu havia me esquecido completamente que ela havia aproveitado o tempo do meu atraso para resolver um problema do escritório. Para mim, esta foi uma culpa que carreguei por muito tempo: o meu atraso fez com que ela fosse até um dos prédios. Por MINHA CULPA ela morreu. Depois de muitos anos e muita terapia, consegui entender que eu não tenho esse poder todo e que o universo não gira ao meu redor.

TANTA COISA que eu queria ter dito para ela e não disse! Tanta coisa que gostaria de ter vivido com ela e não vivi. Tantas lembranças e tanta dor.

Sei que assim como eu, outras pessoas também guardam seus dramas pessoais daquele dia. E, mesmo com 15 anos de distância, olhamos para trás e sentimos como se tivesse sido ontem. Esta é uma ferida que talvez nunca cicatrize, e ela não é só minha! É de um mundo inteiro!!!”

11 de setembro de 2016

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